quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Perceber aquilo que não se vê - Relações Públicas e fenomenologia

Muitos já ouviram aquele ditado de que nem tudo o que parece é, ou seja, que as imagens que são vistas de maneira superficial e rápida nem sempre conseguem expressar as verdadeiras facetas de, por exemplo, uma ambiente organizacional ou de um projeto específico. Para que a essência possa aparecer em maior quantidade do que a simples aparência dos objetos e das pessoas pode mostrar, podem ser utilzados vários processos, dentre eles a fenomenologia

A fenomenologia pode ser vista como uma resposta "ao filósofo que não se contenta com o conhecimento natural, o diretamente dado e apoucadamente questionado, pedindo por uma clarificação dos conceitos fundamentais (...)" (GARNICA, 1997, p. 113)* Ou seja, o que seria mais explícito, mais óbvio aos olhos do pesquisador, poderia ser questionado livremente e visto com um olhar além do senso comum, da explicação-padrão.


Fabio Botelho Josgrilberg, no artigo A Fenomenologia de Maurice Merleau-Ponty e a pesquisa em Comunicação (2006, p. 224), mostra a visão de um dos autores que tentam explicar a aplicação da fenomenologia em diversas áreas do conhecimento:
"Na Fenomenologia da percepção, Merleau-Ponty buscou dar continuidade ao esforço de demonstrar os limites do saber científico, superar as diversas dicotomias que permeiam as ciências e reconhecer a fundação de qualquer conhecimento na experiência do mundo vivido. Poder-se- iam citar alguns desses pares colocados em questão como, por exemplo, sujeito/objeto, alma/corpo, interior/exterior e pensamento/linguagem. A intenção por trás da tentativa de ir além desses pares indicava um esforço de superação tanto do objetivismo positivista quanto do intelectualismo."

Com essa definição, pode-se perguntar: o que tem a ver a atividade de Relações Públicas e o processo de fenomenologia? O relações-públicas, numa empresa ou instituição, precisa ter um olhar apurado para perceber as "entrelinhas" dos diálogos presentes, tanto de comunicação externa ou interna. Além disso, como foi dito no texto anterior, é necessário superar a visão simplista que existe em relação às dicotomias, como sujeito/objeto, alma/corpo, para que as relações humanas sejam mais autênticas. Enfim, dentre tantas áreas de atuação dos Relações Públicas, a fenomenologia é importante para que se tenha este olhar diferenciado perante o fazer comunicacional. 

* GARNICA, A. V. M. Algumas notas sobre pesquisa qualitativa e fenomenologia. Interface — Comunicação, Saúde, Educação, v.1, n.1, 1997.  Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/icse/v1n1/08.pdf. Acesso em: 04 aug. 2011.

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