segunda-feira, 30 de maio de 2011

Informação pública e Publicidade - Convergências e divergências

É sabido de muitos que a comunicação pública é uma das vertentes mais importantes dsta área, pois lida com informações que não dizem respeito apenas a um grupo específico, mas a toda uma população, seja municipal, estadual ou federal. Pierre Zémur, no artigo As formas da comunicação pública, pertencente ao livro Comunicação Pública: Estado, Mercado, Sociedade e Interesse Público (2009, p. 225) mostra quatro dimensões de como levar uma informação pública à sociedade e de como pode acontecer a relação de comunicação neste contexto:

"(...) informar por dever, geralmente na ausência de desejo ou de motivação de compra; assegurar a pedagogia atrelada à uma mensagem complexa; incuir a comunicação no processo de identificação e de entrega do serviço; contribuir para conferir sentido à vida coletiva."

Pensando nestes quatro termos, pode-se perceber o quanto um bom plano de comunicação é importante para que a população seja bem informada e, com isso, se conscientize sobre um assunto determinado e tome atitudes para concretizar os conhecimentos adquiridos. Os elementos comunicacionais (no caso deste post, a publicidade é o grande exemplo) podem ajudar, e muito, para que a informação chegue coesa ao público desejado. Ou, infelizmente, podem atrapalhar este processo, apenas confundindo o receptor ou emitindo informações incompletas.

Uma campanha de comunicação pública bem sucedida, inclusive premiada com o Prêmio ABERJE São Paulo e Brasil 2010 na categoria Comunicação nas Crises Empresariais (como mostra a revista Comunicação Empresarial nº 78, p. 67, disponível na íntegra para os assinantes da Lector.com), foi feita pela Secretaria de Saúde do Governo do Estado de São Paulo que produziu, em março de 2009, um completo manual de comunicação de pandemias para evitar o pânico, mais frequente com a velocidade de aproximação do vírus H1N1, que matou milhares de pessoas naquele ano.

Um dos grandes benefícios desta ação foi a manutenção da credibilidade dos agentes públicos, com a publicação de artigos de técnicos da Secretaria pela grande imprensa, parcerias com a TV Globo na veiculação de entrevistas com especialistas e este plano de gerenciamento de crise, aliado à conscientização pública, foi destaque de uma entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura. Abaixo, um vídeo com o resumo das palavras do Secretário de Estado da Saúde, Luiz Roberto Barradas Barata.


Porém, nem todas as campanhas governamentais conseguem conscientizar de maneira plena e eficiente a população acerca de um tema importante para a sociedade em geral. Neste mesmo artigo, Zémor alerta sobre as limitações dos meios de comunicação no que diz respeito a disseminação da informação pública (2009, p. 224):

"(...) os meios de comunicação pouco escapam à ilusão de eficacidade publicitária, de tratar o leitor, sobretudo o telespectador, como o consumidor de uma oferta homogênea. Eles podem contribuir para a difusão de dados públicos e encorajar a interatividade dos diálogos com as instituições públicas, mas raramente podem tratar de questões complexas".

Um exemplo da fraca emissão de informações sobre um assunto importante está nas campanhas de Mobilização Nacional pela Certidão de Nascimento e Documentação Básica. Mesmo com a presença, em 2009, do atacante Ronaldo, na época ainda em atividade pelo Corinthians, o tempo da campanha televisiva é utilizado mais para mostrar o jingle e algumas frases de efeito do que efetivamente informar sobre os benefícios de se ter uma certidão de nascimento, sempre redirecionando o fluxo de informações mais complexas entre Governo e cidadão para outros órgãos, como Cartórios e Prefeituras Municipais.




Pode-se dizer que se utilizar dos elementos da publicidade para divulgar uma informação pública, ou seja, de interesse geral da população, é válido e pertinente. Porém, o bom senso e uma expressiva noção de responsabilidade com o dinheiro público que é gasto nas campanhas, no caso dos órgãos municipais, estaduais e federais, devem prevalecer em qualquer situação.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Música viral e comunicação estratégica - A combinação mais linda da cidade

Quando se pensa na palavra viral, vem à mente de muitas pessoas o contágio de uma doença, proveniente de um vírus, que, se não forem tomadas as devidas precauções, pode se espalhar de uma maneira quase que sem controle. No dia-a-dia, podem-se tomar como exemplos de doenças contagiosas, não necessariamente causadas por vírus, a gripe e a conjuntivite.

No contexto midiático, também existem "doenças" na forma de vídeos ou áudios que se espalham ferozmente pela rede mundial de computadores e que apresentam, como seus portadores e propagandistas, os próprios internautas, como afirmam Eugenia Maria Mariano da Rocha Barichello e Cristiane Cleveston de Oliveira no artigo O Marketing viral como estratégia publicitária nas novas ambiências midiáticas (2010, p. 35).


"O termo “viral” faz um paralelo entre o processo biológico de transmissão de um vírus de uma pessoa a outra no contexto real e o processo de transmissão de uma mensagem de um internauta a outro no contexto digital. O fato de a mensagem poder tomar proporções gigantescas na rede, num processo semelhante à lógica de uma epidemia viral, foi o que deu origem à expressão.
Marketing viral, portanto, é o processo de divulgação de uma mensagem publicitária, baseado no seu poder de contágio por pessoas próximas, como se fosse um vírus. A propagação em larga escala da mensagem só acontece por meio de uma ação colaborativa intensa dos indivíduos nas redes sociais."

Um exemplo recente de como uma estratégia (a princípio, despretensiosa, nesse caso) de comunicação eficiente e uma simples postagem de um video podem se tornar um fenômeno midiático e gerar comentários positivos e negativos - graças, e muito, a maneira pela qual foi feita a gravação - aconteceu nas últimas semanas, com a propagação supersônica da música "Oração", composta por Leo Fressato e interpretada por um grupo curitibano formado em 2009 chamado A Banda Mais Bonita da Cidade, e que já teve mais de 2 milhões de visualizações no Youtube.



Segundo o site O Povo Online, o grupo de universitários egressos da Universidade Federal do Paraná tem este nome por conta de um livro intitulado A Mulher Mais Linda da Cidade, de Charles Bukowski (1920 -1994), uma coletânea de contos que mostra a típica jornada pelo universo infernal e onírico do velho Buk, seus personagens desvalidos, seus quartos imundos de hotéis baratos; enfim, um mundo estranho, bem diferente do que os autores do vídeo mostram.

O clipe é gravado num plano-sequência e sem cortes, o que dá uma maior "naturalidade" às ações dos cinco integrantes da banda e dos outros convidados. As locações referentes a uma casa grande e repleta de amigos reportam a uma sensação de familiaridade e a repetição da letra por várias vezes ajuda na sua retenção na mente dos indivíduos (isso pode ser bom ou ruim, dependendo da opinião de cada um sobre esta "oração").

O mais interessante para os profissionais de comunicação em relação a esse caso é a imprevisibilidade da repercussão de um material que é veiculado na Internet. Pode se tornar algo decepcionante ou extrapolar a previsão planejada. Os próprios intergrantes da banda não esperavam este grande número de acessos, como relata Vinícius Nisi em entrevista ao O Povo Online, já citada neste post: “Gravamos o clipe dia 6 de fevereiro com uma produção toda de amigos. Achávamos que ia ser assistido e curtido pelos amigos, pelos familiares. De uma hora pra outra, todo mundo começou a parabenizar”.

O que pode-se concluir deste caso é que a banda curitibana, em terminologias médicas, "não se vacinou" em relação à viralização de suas músicas. O resultado disso: elogios e críticas de milhões de pessoas como sintomas claros de grande popularização. A consequência final, pelo menos durante um período de tempo: a morte do anonimato e o nascimento para a fama.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

História, comunicação e cultura - Campo x cidade nas músicas sertanejas

Um dos rítimos musicais mais ouvidos atualmente, não só em pequenas regiões, mas em grandes centros, é a música sertaneja, mais particularmente o chamado sertanejo universitário. Muitas duplas, trios e cantores solo surgem a cada ano em vários pontos do Brasil mostrando as suas músicas, lotando casas de espetáculos, rodeios e festas diversas, gravando CD's e DVD's e conquistando admiradores por quase todos os lugares.

É sabido que a música sertaneja, já muito antes deste novo boom, mostrou e mostra várias facetas da vida no campo e na cidade, desde a simplicidade do campo e das declarações de amor - seja a uma amada, seja a parentes ou a outros objetos -, até a comicidade presente em situações específicas e o duplo sentido de algumas letras. 

Isto se justifica muito por conta das modificações ocorridas ao longo dos tempos na sociedade, como o êxodo rural e uma nova concepção de modernidade e de progresso, residida justamente nas áreas urbanas. 

Porém, um outro tema recorrente nas canções é a dualidade e a comparação feita entre campo e cidade que chega, em casos especiais, até a uma certa "rivalidade", como mostra o artigo Música SER-taneja?, escrito por Eurides de Souza Santos (1999, p. 05, grifos nossos):

"(...) Produzida por compositores interioranos ou não, ela reúne em suas características melódicas, rítmicas e harmônicas elementos peculiares às músicas das várias culturas interioranas do Brasil, mantendo inclusive a tradição do canto em duplas. Mas o que faz esta música se estabelecer e dominar grande parte do mercado da música popular atual é a sua alta produção configurada em estúdios de avançada tecnologia sonora, aliada a intensa ação da mídia no veicular deste estilo por todo território brasileiro, inclusive no sertão. Ela já não traz a comicidade como elemento chamativo, no entanto retoma de certa forma os sutis ideologismos românticos que celebram a suposta natureza intocada do campo e a qualidade de homem bom e natural do sertanejo em contraposição à paisagem de concreto das cidades como responsável pelo comportamento frio e desumano do homem urbano."

Utilizando-se destes referenciais, o post de hoje vai mostrar algumas músicas que refletem esta "rivalidade" entre as vidas no campo e na zona urbana. Primeiramente, é mostrada a canção Cavalo Enxuto, composta por Tião Carreiro, gravada primeiramente por ele e seu parceiro Pardinho, e regravada por vários artistas do segmento dentre eles as duplas Victor & Léo e Chitãozinho & Xororó, com a participação de Zé Henrique & Gabriel. Esta última regravação aparece neste vídeo do DVD Clássicos Sertanejos exibido a seguir.



A letra desta música apresenta três personagens: dois fazendeiros, um rico que só se locomove com carros importados e um outro que conserva sua tropa e seu cavalo ensinado, além da moça desejada pelos dois homens. Ela sugere que o cavalo e o carro importado apostem uma corrida e, quem chegasse primeiro ao portão de sua fazenda, iria conquistar o coração da donzela.

Os dois concordam e começam a chamada "aposta da paixão". O cavalo passa pelos atalhos e o carro, pela estrada de asfalto e por outra cheia de cancelas, o que atrasou a sua viagem. O animal vence a disputa e o fazendeiro mais pobre fica com a menina. Mostra-se, então, a vitória da simplicidade, da Natureza, do campo sobre o progresso desenfreado que invade o espaço rural.

No fim da música, o compositor alerta que "O progresso é coisa boa / Reconheço e não discuto / Mas aqui no meu sertão / Meu cavalo é absoluto / Foi Deus e a natureza / Que criou este produto", sem deixar de elogiar o progresso, mas valorizando ainda suas origens e seus instrumentos de trabalho - no caso desta música, o cavalo enxuto que lhe concedeu o amor tão esperado daquela moça.

Outra música sertaneja que mostra, ainda que de maneira menos explícita, esta comparação entre os homens do campo e da cidade é a canção O Granfino e o Caipira, composta por Victor Chaves, integrante da dupla Victor & Léo, e interpretada pelos próprios cantores. Abaixo, está um vídeo muito interessante que utiliza a música como trilha sonora de uma animação em que os personagens são tipicamente representados.



Nesta música, também há uma disputa entre um homem da cidade que acaba de chegar ao sertão e um caipira que está interessado na mesma moça do que ele. Neste caso, porém, a menina não chega a uma decisão final sobre qual dos dois seria o seu namorado e desiste da competição, assim como o caipira que até aconselha o granfino a fazer o mesmo. Mais uma vez, nesta letra, há a desvalorização do lucro e da riqueza como meios de conquistar o sexo oposto ("Ele acha que o dinheiro / Compra o amor / Mas se fosse fácil assim / A moça nem olhava / Para mim..."), mas não há uma sobrevalorização do caipira, até porque não há vencedor nesta disputa em especial.

O que se pode concluir, em relação particularmente a apresentação destas músicas, é que a dualidade campo-cidade permite uma competição em situações específicas, como a conquista de uma pessoa do sexo oposto, que, numa análise mais aprofundada, provoca uma reflexão sobre outros valores, muitas vezes esquecidos pela sociedade.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Publicidade e Infância: combinação perfeita?

O ato de comprar produtos faz parte da vida de todos os indivíduos. Mesmo alguns dos mais simples objetos e, dependendo do caso, alguns serviços possuem um custo, irrisório, mas um gasto como, por exemplo, imprimir uma página de trabalhos acadêmicos em casas especializadas ou consumir um chiclete numa lanchonete.

E este mecanismo de compra se manifesta desde a mais tenra idade do ser humano, ou seja, a infância também é marcada, muitas vezes, pelos brinquedos eletrônicos, pelas bonecas, por produtos que remetem a uma banda admirada pela criança. A publicidade é uma grande ferramenta para que estes valores possam ser incutidos desde cedo na vida das pessoas.

É necessário ressaltar, porém, que muitos comerciais voltados ao público infantil divulgam valores e conceitos inadequados para a faixa etária atingida, como a ingestão excessiva de calorias, o consumo de objetos e acessórios que estão em desacordo com a forma de transição considerada natural das fases da vida (de criança para adolescente, por exemplo), como mostra Inês Silvia Vitorino Sampaio no artigo Publicidade e infância: uma relação perigosa (2009, p. 12) pertencente ao livro Infância & Consumo: estudos no campo da comunicação, organizado pela Agência de Notícias dos Direitos da Infância (ANDI).

"É preciso lembrar, contudo, que o acesso da criança às mídias não se explica apenas pelo aspecto tecnológico ou pela linguagem, mas há aspectos histórico-sociais e culturais importantes que particularizam esta forma de acesso. No plano econômico, o poder aquisitivo das famílias pode implicar o acesso mais ou menos limitado às várias mídias e interferir, sensivelmente, em suas possibilidades de lazer. [...] O tipo de acompanhamento doméstico efetuado (ou não) por pais ou parentes – a restrição do tempo de exposição às mídias, a limitação do acesso a determinados conteúdos e/ou o diálogo sobre cenas e acontecimentos – também é um elemento demarcador. No plano institucional, finalmente, não podemos deixar de considerar o papel desempenhado pelas políticas de regulação dos conteúdos audiovisuais, que visam proteger a criança e o adolescente da exposição a conteúdos inadequados."

Em matéria publicada no Portal Exame no dia 12 de maio, pode-se ver a retomada desta discussão através do retorno à pauta da Câmara dos Deputados de um projeto de lei regulamentando a publicidade dirigida ao público infantil. No mesmo portal, no dia 18 do mesmo mês, surge uma notícia que repercutiu no mundo inteiro, levando seu protagonista aos Trending Topics mundiais do Twitter: médicos americanos participaram de uma campanha para proibir a rede McDonald's de promover seus produtos entre as crianças, e forçar a extinção de sua mascote, o palhaço Ronald McDonald. Além disso, a carta aberta pede a interrupção da distribuição de brindes nos Mc Lanches Felizes, refeições com sanduíches de grande quantidade calórica.

Ou seja, reelencando os aspectos discutidos por Sampaio, é necessário entender que a mídia possui uma grande responsabilidade pela sua fácil disseminação e assimilação perante o público infantil que, geralmente, ainda não formou totalmente sua consciência, e que precisa refletir sobre como repassar as mensagens publicitárias para as crianças, se elas forem realmente necessárias.

Porém, o acompanhamento dos responsáveis acerca do que as crianças assistem e das influências que elas sofrem do exterior (amigos, família, entre outros) e um rigor menos simbólico e mais efetivo por parte dos órgãos de regulação das propagandas é também importante para a formação de pessoas mais conscientes em relação aos hábitos de consumo.

Para encerrar este post, mas não a discussão, é apresentado uma animação produzida pela Revista Galileu sobre a publicidade infantil, mostrando estatísticas alarmantes acerca deste assunto. Afinal de contas, a publicidade infantil é de toda vilã nesta História ou outros fatores contribuem diretamente para o consumo exarcebado?

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Comunicação para a cidadania - Incentivo à reintegração de ex-presidiários no convívio social

Muito se fala em relação à cidadania como forma de integração dos indivíduos em diferentes esferas, sociais, econômicas ou políticas, apenas para citar alguns exemplos. Mas o que significa, de fato, ser cidadão, e como pode-se observar o termo "cidadania" nestas esferas? Dentre vários olhares existentes sobre este tema, foca-se, para este post, a perspectiva rousseauriana, descrita por Cicilia M. Krohling Peruzzo no artigo Comunicação comunitária e educação para a cidadania (2002):

"(...) a cidadania é vista como um direito coletivo, que, favorecendo o desenvolvimento da individualidade, pressupõe a ação política e sua socialização. Tendo como suporte uma legislação que procura levar em conta os princípios de igualdade e de liberdade, ela implica não só direitos do indivíduo, mas também seus deveres na sociedade."

Um dos exemplos, ainda tratado com polêmica, de como promover a socialização das ações, não só políticas, mas também sociais, foi divulgada no último sábado, dia 14 de maio. O programa "Caldeirão do Huck" da Rede Globo destacou o "Desafio da Paz", uma corrida de 4km e 850m que seria realizada no dia seguinte ao programa, no conjunto de favelas do Alemão, no Rio de Janeiro, e cujo trajeto é o mesmo utilizado por bandidos e traficantes que tentaram fugir da polícia no final do ano passado. 

No meio desta pauta, Luciano Huck descobre a história de vários policiais, ex-traficantes e ex-presidiários que participariam desta corrida e ainda mostra Lulinha, um ex-detento que hoje trabalha num estacionamento de carros, graças a um projeto do grupo AfroReggae no Rio de Janeiro, chamado Empregabilidade, iniciado em fevereiro de 2008 e que já ajudou 1695 pessoas a terem sua carteira assinada e seus direitos assegurados, segundo matéria publicada no site oficial do grupo. Destas, 853 tiveram alguma ligação com a criminalidade, incluindo o próprio gestor do projeto, Norton Guimarães.

Lulinha participou das provas do quadro Agora ou Nunca 5 Estrelas e ganhou 50 mil reais para ajudar a sua família neste recomeço de vida. Além desse programa de alcance nacional e internacional ceder um grande espaço para esta discussão (segundo declarações do apresentador durante a veiculação do quadro, já se tinha uma vontade antiga, por parte dele mesmo, de mostrar esta questão delicada para o grande público), a Globo ainda lançou uma campanha sobre este projeto com depoimentos do próprio ex-detento, de Norton e de outros indivíduos que saíram do sistema penitenciário e não voltaram para o mundo do crime.

O interessante é que os filmes começam mostrando as pessoas como se não pudessem/quisessem ser identificadas (voz modificada, imagem distorcida) e, à medida em que contam as suas histórias de superação e abandono do crime, o rosto e a voz são mostradas com nitidez.



Outro exemplo de como este tema foi tratado, só que agora por um órgão público, é o projeto Começar de Novo, promovido pelo Conselho Nacional de Justiça e que visa sensibilizar as pessoas físicas e os órgãos públicos para incentivar cursos e oficinas para presos e egressos dos presídios. Além da criação do Portal de Oportunidades, com vagas de trabalho disponíveis para este público, foram veiculadas campanhas de conscientização no rádio e na televisão nos anos de 2008 e 2009. As peças comparam, de forma metafórica, a situação de ex-detentos e a visão de pessoas externas a este contexto com a versão imagética de expressões, como "Quem não tem pecado, que atire a primeira pedra", e com situações específicas, como a tradicional "Malhação do Judas".

Assuntos referentes às questões carceárias no Brasil são polêmicos, pois ainda são envolvidos de pré-julgamentos, preconceitos, opiniões controversas e estereótipos em relação ao sistema penitenciário brasileiro e aos próprios detentos, como pode-se ver nos comentários dos vídeos da campanha do CNJ. De fato, é difícil generalizar uma concepção a respeito desta situação, porque existem pessoas e pessoas, detentos e detentos, cada um com seus valores e  traumas, com suas ideologias e histórias de vida. A discussão está em aberto.

sábado, 14 de maio de 2011

Semáforo verde ou vermelho? - Comunicação como esfera promotora e repressora da violência no futebol

Há uma frase famosa que afirma que o Brasil possui uma paixão nacional: o jogo de futebol. Mas, infelizmente, em alguns contextos, esse sentimento avassalador que várias pessoas (jogadores, técnicos, dirigentes ou torcedores) exalam pelos seus times favoritos pode trazer malefícios à sociedade, gerando atos violentos que podem incentivar outras pessoas a fazerem o mesmo, gerando a generalização da violência no futebol.

E quais são as interfaces entre os meios de comunicação e a prática ou prevenção da violência, seja no campo de jogo ou fora dele? A XIII Jornada Multidisciplinar, promovida pelo Departamento de Ciências Humanas (CHU) da FAAC (Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação) da UNESP Bauru entre os dias 10, 11 e 12 de maio, mostrou algumas respostas para esta pergunta.

Na segunda noite de evento, o palestrante Luiz Henrique de Toledo, professor do Departamento de Ciências Sociais da UFSCAR (Universidade Federal de São Carlos), realizou uma conferência acerca do tema Futebol, Violência e Sociedade. Numa das muitas perguntas da platéia após a explanação, uma delas questionou a influência do uso de expressões bélicas no campo esportivo, como "atacante", "balaço", "batalha" entre outras, na propagação da violência nos estádios e, como uma continuação, indagou sobre o uso das mídias sociais (um meio de comunicação, portanto), como o Orkut, para que membros de torcidas organizadas possam se reunir e combinar brigas em determinados lugares.

O que se destacou na resposta do palestrante foi comparar estas mídias como se fossem uma "rua virtual", e até mesmo considerar uma substituição, uma incorporação deste lugar público à esfera online, retirando as pessoas do convívio offline. Partindo desta metáfora, podem-se comparar os veículos de comunicação a semáforos que, em certos casos, indicam o que deve e o que não deve ser feito. É de conhecimento geral que, no Brasil, os semáforos (ou sinaleiros, dependendo da tradição linguística de cada região) possuem três cores: vermelho (indicando a obrigatoriedade da parada dos carros num determinado cruzamento), amarelo (indicando atenção) e verde (permitindo o movimento dos carros).

Assim como o semáforo, o uso dos meios de comunicação pode ser promotor da violência (concedendo, assim, um perigoso sinal verde) ou prevenir que ela aconteça, emitindo sinais vermelhos e amarelos para os públicos esperados.

Um caso de sinal verde para a violência no futebol, no aspecto moral e de maneira on-line, aconteceu na noite de quarta-feira, dia 11 de maio, quando uma internauta se utilizou do Twitter para emitir mensagens ofensivas aos nordestinos, principalmente contra a torcida do Ceará que, naquele dia, eliminou o time do Flamengo da Copa do Brasil. Houve revolta por parte das pessoas ofendidas e um clima de ódio pôde ser vista nos comentários seguintes a esta declaração. Trata-se de uma violência psicológica que, se não for combatida com rigidez pelos órgãos públicos, infelizmente poderá ultrapassar as esferas virtuais.

Como um exemplo midiático de tentativa de conscientização dos torcedores a respeito da paz no futebol, a Rede Globo lançou no ano de 2010 duas campanhas para promover esta ideia (nos campeonatos Paulista e Carioca), utilizando-se de atrizes famosas da emissora, vestidas com camisas de times de futebol, que alertam para a importância do espírito esportivo e do combate à violência dentro e fora dos estádios. A seguir, o vídeo veiculado em São Paulo (para quem quiser conferir o vídeo carioca que possui praticamente o mesmo roteiro, o link é este):



Porém, as medidas efetivas para se resolver o problema da violência no futebol brasileiro não conseguem se consolidar na prática, bem como as leis existentes para coibir o vandalismo dentro dos estádios (como o lançamento de copos nos estádios, para citar um exemplo comum) não conseguem ultrapassar o sinal verde. Enfim, quem mais perde neste jogo é o torcedor comum que só deseja ver o seu time jogar, só quer observar os lances bonitos, as emoções de uma partida, e que, às vezes, é barrado pelo sinal vermelho da intolerância e da violência.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Comunicação e questão de gênero - Bombril e as mulheres evoluídas

A população brasileira é, como se sabe, multifacetada e com uma abrangente diversidade de opiniões e de indagações. E com esta questão que será abordada no post de hoje, não é muito diferente. Segundo dados do Censo Demográfico Brasileiro 2010, divulgado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) em 29 de abril deste ano em vários meios de comunicação, dentre eles o portal OGlobo, o Brasil possui quase 4 milhões de mulheres a mais do que a população masculina (97.348.809 mulheres e 93.406.990 homens).

É necessário lembrar que esta disparidade entre os dois sexos podia ser vista há muitos anos atrás, na direção oposta e no contexto social, assim como o antagonismo entre eles, como afirma Neuma Aguiar no capítulo História, mulheres, gênero: contribuições para um debate, pertencente ao livro Gênero e Ciências Humanas: desafio às ciências desde a perspectiva das mulheres, organizado pela própria autora (1997, p. 96):

"Os historiadores sociais, por exemplo, supuseram as "mulheres" como uma categoria homogênea; eram pessoas biologicamente femininas que se moviam em papéis e contextos diferentes, mas cuja essência, enquanto mulher, não se alterava. Essa leitura contribuiu para o discurso da identidade coletiva que favoreceu o movimento das mulheres nos anos 70. Firmou-se o antagonismo homem versus mulher como um foco central na política e na história que favoreceu uma mobilização política importante e disseminada."

Estas questões e outras são discutidas, atualmente, como questões de gênero. Mas o que significam estas questões na prática? Um artigo, de autoria desconhecida, publicado no site Info Jovem, esclarece estas perguntas:

"As relações de gênero criam padrões fixos do que é próprio para o feminino e para o masculino e reproduzem estas regras como um comportamento natural do ser humano criando condutas e modos únicos de se viver sua natureza sexual. Isto significa dizer que a questão de gênero têm uma ligação direta com a forma como estão organizadas na sociedade os valores, desejos e comportamentos acerca da sexualidade. 
O debate sobre este tema tem se concentrado em diversos movimentos que levantam as variadas possibilidades de interpretação sobre como a sociedade conduz e impõe as relações de gênero, seja como um debate em torno da relação e distribuição de poder, ou como a questão da participação no mercado de trabalho e vida política, estes discursos são encontrados nos movimentos feminista e de masculinidades."

Um exemplo recente de uma abordagem polêmica destas relações entre homens e mulheres, baseada na questão de gênero, foi a do novo comercial da Bombril, que substituiu Carlos Moreno, o garoto-propaganda tradicional da marca durante décadas, pelas atrizes e comediantes Dani Calabresa (MTV), Marisa Orth (TV Globo) e Monica Iozzi (TV Bandeirantes). Nesta publicidade, elas satirizam o sexo oposto através, dentre outros recursos, da animalização do homem, comparando-o, como mostra o vídeo abaixo, com um cachorro que precisa ser adestrado pelas mulheres.





O fato interessante neste e em outros comerciais é que as atrizes estão vestidas de terno e gravata, denotando uma certa "masculinidade" por parte da imagem, e o cenário remonta, a não ser pela cor branca, aos reclames antigos da marca. O texto ainda mostra uma condicional para os homens que desejarem ser tratados com carinho pelas mulheres: ajudá-las nos serviços domésticos, juntamente com os produtos Bombril.

A questão de gênero se insere nestas propagandas ao passo que estas invertem, despadronizam o que o senso comum, nestes casos, geralmente atribuiria de estereótipos em relação às mulheres, como o histórico ditado: "lugar de mulher é no tanque, é na cozinha".

Este "tratamento" dado ao gênero masculino irritou um grupo de homens que, segundo notícia publicada no Portal Exame, pediu ao Conar que retirasse o comercial do ar, alegando que "o tema abordado é um estímulo à discriminação". O órgão regulamentador recebeu o pedido, porém o arquivou.

Este comercial é, para uns, uma grande "sacada" publicitária; para outros, um incentivo à discriminação; para alguns, uma "vingança feminina" às zombarias ditas por alguns homens. Para o estudo da questão de gênero, esta propaganda mostra, como diz Amílcar Torrão Filho no texto Uma questão de gênero: onde o masculino e o feminino se cruzam (2005, p. 129), "uma transformação dos paradigmas do conhecimento tradicional". Mais do que isso, uma mutação e um debate maior (aberto e polêmico) sobre os preconceitos e estereótipos que perpassam a história de homens e mulheres ao longo dos séculos.

sábado, 7 de maio de 2011

Primeiras emissoras de comunicação para com os filhos - Homenagem Dia das Mães

A cada dia de vida, muitos indivíduos dialogam com outras pessoas acerca dos mais variados assuntos, pessoais ou profissionais. Mas, em algum momento, já se parou num instante para pensar quem foi a primeira pessoa a ouvir os choros, as risadas, enfim, o primeiro receptor das comunicações do ser humano?

Sim, realmente é a nossa mãe quem se torna a primeira receptora de nossos gemidos. E o dia destinado especialmente a essas mulheres tão especiais está próximo, justamente em 08 de maio. Para os comerciantes, a data se transformou num "segundo Natal" e, sempre na semana anterior ao primeiro domingo de maio, os meios de comunicação mostram reportagens especiais abordando o movimento das lojas e trazendo dicas de presentes para a data. A reportagem a seguir que ilustra esta realidade é do Jornal da Gazeta e foi exibida no dia 30 de abril de 2011.



Em paralelo com este foco no aumento de vendas, várias empresas tentam mostrar, em seus comerciais e em estratégias específicas de comunicação, o lado mais emocional da data, relacionando momentos emotivos entre mães e filhos com a utilização de seus produtos e/ou serviços.

Um exemplo clássico da prática desta interrelação está na marca de refrigerantes Coca-Cola, que inovou ao trazer dois comerciais especialmente feitos para esta data. Um deles mostra a vida cotidiana da chamada "rainha do lar" na cozinha, preparando os alimentos, brincando com os filhos (num gesto de carinho) e oferecendo Coca-Cola como a bebida que acompanha os pratos, além de mostrar uma atitude supostamente típica das mulheres (um estereótipo, pode-se dizer) de ir ao "mercadinho" e participar da ação Coca-Cola retornável.

Já o outro comercial, este bem mais repercutido na Internet, tem a participação do ator Wagner Moura mostrando uma outra faceta artística além da atuação: como vocalista da banda Sua Mãe (nome dado para homenagear as progenitoras dos integrantes do grupo), criada em 1992 pelo ator, na época em que cursava Jornalismo na Universidade Federal da Bahia. Segundo o site oficial da banda, o estilo adotado é uma grande mistura de influências músicais que tem o objetivo de lembrar as raízes históricas de seus integrantes.

"Sua Mãe então era quase uma banda cover do Cure. “Quase” porque o gosto pelo rock inglês era apenas metade da história, e é aí que está o barato da coisa. O pessoal também curtia Reginaldo Rossi, Amado Batista, Márcio Greyck, Odair José e, last but not least, Roberto Carlos. Era a música que os pais de Wagner, por exemplo, ouviam no interior da Bahia. Era a música que, de certa forma, começara a sua educação sentimental. Os ingleses a completaram. Tudo fazia parte, então, de um mesmo processo, de um mesmo universo poético."

Com esta miscelânea de estilos, a banda, em 2009, gravou algumas vinhetas musicais para o canal MTV e as disponibilizou num blog oficial, atualizado pela última vez em 23 de fevereiro de 2010. Neste ano, a banda volta à mídia protagonizando o comercial da Coca-Cola, exercendo uma nova roupagem (e, em alguns momentos, adaptando a letra original) sobre a música "Outra Vez", sucesso na voz de Roberto Carlos. Esta versão a seguir é a música inteira (existe outro vídeo de um minuto deste mesmo comercial, provavelmente voltado para a televisão) e é interessante reparar que a marca não aparece de forma explícita em toda a música, mas somente no final, juntamente com a frase "125 anos celebrando as mães".



O RPitacos aproveita a oportunidade para parabenizar todas as mães pelo seu dia e que os filhos possam saber dar um feedback adequado a tanta emissão de carinho e cuidado que elas oferecem a cada momento. Que, neste domingo, nossas mães possam, através dos mais diversos canais, receber as mais sinceras mensagens de amor e cuidado e, se houver alguma crise na comunicação entre mães e filhos, que o gerenciamento seja perfeito. Feliz Dia das Mães!

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Comunicação e responsabilidade financeira - Dinheiro no bolso (e conhecimento também)

Para muitas pessoas, falar de economia, no senso comum, e ouvir questionamentos sobre é algo muito complicado por conta da própria linguagem utilizada. E educar as pessoas sobre os aspectos financeiros que rodeam o cotidiano, é uma tarefa fácil? Logicamente, existem muitos percalços para que se estabeleça a total compreensão deste assunto, mas a sua importância em pleno início de século XXI é inquestionável em vários casos, tanto coletivos quanto individuais (maior foco deste post), como afirmam Cintia Retz Lucci,
Sabrina Arruda Zerrenner, Marco Antonio Guimarães Verrone e Sérgio Cipriano dos Santos no artigo A influência da educação financeira nas decisões de consumo e investimento dos indivíduos (artigo on line, p. 04):


"A importância da educação financeira pode ser vista sob diversas perspectivas: sob a perspectiva de bem estar pessoal, jovens e adultos podem tomar decisões que comprometerão seu futuro; as conseqüências vão desde desorganização das contas domésticas até a inclusão do nome em sistemas como SPC/ SERASA (Serviço de Proteção ao Crédito), que prejudicam não só o consumo como, em muitos casos, na carreira profissional."

Para educar as pessoas sobre economia, principalmente as crianças e aquelas que estão saindo das fases da adolescência e da juventude para começar um caminho pela vida adulta, é que a Bolsa de Valores de São Paulo promove uma parceria com o Canal Futura, a fim de realizar ações para que a educação financeira alcance as novas gerações de maneira simples, correta, educativa, atraente e interativa.

Para as crianças de 7 a 10 anos, a Bolsa criou a Turma da Bolsa, que tem o objetivo de acrescentar os conceitos financeiros às habilidades adquiridas pela criança, por meio da ludicidade e da simplicidade. E isso é feito com o desenvolvimento de um site com jogos, fábulas, quadrinhos, videos e espaço para pais e educadores. São encenadas peças de teatro na sede da Bolsa e em escolas da grande São Paulo que fizerem o agendamento antecipado; uma delas é a chamada O Porco e o Magro (intertextualidade com a famosa série O Gordo e o Magro), que também pode ser vista durante a programação do Canal Futura.

Segundo o release disponível no site da Bolsa, "O Porco é um sábio e coerente professor. Já o Magro é um aluno interessado, mas com um grande impulso consumista. Nesta aula, que aborda conceitos de trabalho, consumo, economia e planejamento, não é só o Magro quem aprende: o Porquinho ensina às crianças a importância do trabalho, de cuidar e saber aproveitar bem o que se tem, de ter sonhos e planejar para alcançar seus objetivos.". A seguir, o vídeo do quarto episódio do teatro.



Já para os maiores, a parceria entre Canal Futura e a Bolsa resultou no game show Dinheiro no Bolso, lançado no dia 14 de março de 2011, com duração de meia-hora e veiculado na segunda-feira, às 22h30, com reprises às sextas, às 16h30, e aos sábados, às 19h. O objetivo do programa é estimular o consumo consciente e a responsabilidade financeira no público jovem, através de provas de raciocínio lógico e a criação de estratégias. 

Na primeira temporada, dez estudantes do ensino médio na Grande São Paulo participam da disputa (com caráter eliminatório a cada episódio, ou seja, a cada programa, sai a pessoa que possui a menor pontuação), que garante ao vencedor R$ 10 mil em crédito para a compra de ações. E não são só os concorrentes que são estimulados a aprender mais sobre finanças: nos interprogramas da emissora, o apresentador Rafael Losso propõe perguntas para os telespectadores sobre variados assuntos referentes a área financeira. O vídeo a seguir mostra uma questão sobre bancos.


A consultoria deste programa é feita por Gustavo Cerbasi, mestre em Administração / Finanças pela FEA/USP, formado em Administração Pública pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), com especialização em Finanças pela Stern School of Business - New York University e pela Fundação Instituto de Administração (FIA) e que, em 2009, foi eleito um dos 100 brasileiros mais influentes, segundo a revista Época. Além dele, há as participações do educador financeiro Mauro Calil e do professor de finanças do Insper Ricardo Rocha. Vê-se, nesses dois casos, a importância de um bom trabalho de comunicação dirigida para que os conceitos financeiros sejam apreendidos pelos públicos-alvo.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Políticas de fidelização do público interno - Casamento real no Domingo Legal

Existem muitas estratégias de comunicação, muitas ações promocionais, que possuem o objetivo de valorizar o público externo das organizações, fazendo-o cada vez mais fiel às marcas, às empresas que oferecem estas promoções. Não se pode negar a grande importância de se fazer estas políticas, já que a consolidação da imagem da empresa como um organismo que pensa também "fora da caixa registradora" é fundamental para o sucesso desta.

Mas o público interno também precisa ser motivado e valorizado para poder desempenhar, de forma comprometida, determinada e - por que não? - apaixonante, suas funções, podendo considerar seu local de trabalho como uma "segunda casa", como defendem Liana Estela Merladete de Souza e Maria Ivete Trevisan Fossá no artigo Comunicando com Relações Públicas – uma proposta de comunicação estratégica para o fortalecimento do comprometimento organizacional (2006, p. 11):
 
"A “casa” como é denominada a empresa por muitos, faz parte não só da vida profissional dos empregados, como também da pessoal. Retribuir esse apego e esse compromisso com os objetivos da organização é mais do que valorizar os funcionários, é envolvê-los no processo e oportunizar mecanismos concretos para que a imagem favorável da empresa perante o seu público interno seja, além de mantida, também fortalecida."

Um caso interessante e que pode exemplificar esta "retribuição de apego" citada pelas autoras ocorreu na tarde do último domingo, dia 1º de maio, foi a realização de um casamento surpresa ao vivo no palco do programa Domingo Legal (SBT), influenciado pelas mundialmente vistas e comentadas núpcias do príncipe inglês William e da, agora, duquesa Kate, que foram celebradas nesta última semana.

Não é uma grande novidade o fato de alguns casamentos (geralmente, de surpresa, sem cúmplices - como o caso a seguir - ou com a cumplicidade do noivo ou da noiva) serem celebrados ao vivo em programas de televisão, sob os mais diversos ritos (católicos, protestantes, anglicanos, entre outros).

Um grande diferencial visto neste feriado do Dia do Trabalho foi em relação aos protagonistas desta supresa: uma funcionária da emissora, responsável há 12 anos por coordenar as platéias dos programas de auditório, e um estagiário do SBT que foi efetivado no próprio palco da atração, como uma das supresas preparadas aos recém-casados.

Os dois não tinham condições para arcar com todas as despesas que um casamento exige e ainda a mulher está grávida de 4 meses. Por estas condições e, segundo os outros funcionários ouvidos no decorrer do programa, pelo bom desempenho nas funções designadas, o Domingo Legal realizou este casamento supresa sem cúmplices, ou seja, ninguém sabia que iria casar naquele domingo.

O estagiário estava envolvido, sim, na montagem de um casamento inesperado, porém pensava que era para outro noivo (inclusive, ele ficou trancado com o ator durante cinco horas num camarim). Já a sua futura esposa imaginava que iria substituir, no palco, uma modelo grávida num suposto desfile de vestidos de noiva, já que maio, tradicionalmente, é conhecido como o mês das noivas. Somente no palco é que o apresentador Celso Portiolli revelou que os dois iriam ganhar um casamento do programa. Mas não foi só isso: viagem de lua-de-mel, móveis e um novo apartamento foram ofertados ao casal.

Infelizmente, o vídeo completo deste momento ainda não foi postado na Internet e as únicas imagens encontradas até agora foram filmadas, provavelmente, por amigos de uma integrante da Banda Fox, que tocou na cerimônia realizada num espaço fechado, montado atrás dos estúdios do SBT.



O que vale ressaltar, neste caso (um evento interno que se tornou externo graças à mídia e a um planejamento feito pela produção do programa), é o impacto que esta ação deixou (e deixará) na história de vida deste novo casal, tornando-a, assim, uma grande alavanca de fidelização destes integrantes do público interno à organização e do fortalecimento de uma imagem positiva no que diz respeito ao tratamento dado pelo SBT aos seus funcionários.