sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Dia do Blog - Instrumento de comunicação, reclamação e ativação de marcas

Por Maíra Masiero

Muitas pessoas gostariam de se expressar sobre o mundo (seja o universo em si, seja o seu mundo particular - de seu cotidiano, de suas ideias). Ao longo do século XXI, os diários manuscritos serviam de "laboratório" para textos mais elaborados, ou simplesmente de "ombro amigo" para aqueles que queriam desabafar sobre a vida pessoal, escolar, amorosa, entre outras situações típicas do dia-a-dia.

Os tempos foram avançando, e os diários físicos se tornaram eletrônicos e, se antes eram privados em algumas situações, hoje estão disponíveis para toda a rede mundial de computadores. Enquanto os diários físicos só eram comentados por amigos próximos, hoje qualquer pessoa pode comentar o assunto escrito, repassar para outras pessoas e disseminar a informção ao mundo. São os diários eletrônicos, os weblogs ou simplesmente blogs.


E o último dia do mês de agosto é marcado por uma data importante para o mundo da Internet: o Dia do Blog. Segundo a Wikipédia, este dia foi idealizado porque a data 31/08 possui semelhanças, em relação à forma dos números, com a palavra "blog".

O fato é que o blog deixou, já há algum tempo, de ser somente um espaço para confidências pessoais e se tornou uma valiosa ferramenta de comunicação para instituições, organizações, eventos e pessoas públicas; de disseminação de opiniões e informações relevantes ao público e de divulgação de produtos e serviços.

Neste dia tão especial, o RPitacos mostra alguns exemplos (entre artigos e cases) de como o blog ainda é importante no cenário midiático e de como a plataforma contribui para uma maior eficácia na comunicação organizacional e entre clientes e empresas.

Um exemplo de como o blog pode ajudar num momento arriscado de uma empresa ocorreu com a Petrobrás, como mostra o artigo O blog como ferramenta estratégica para a comunicação organizacional num momento de crise: um ensaio sobre o Blog da Petrobras, de Juliana Escobar (2009). Num dos momentos do texto, a autora cita o objetivo da criação do blog pela empresa: esclarecer a imprensa e o público em geral sobre a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito, no ano da pesquisa, para investigar atos da organização.

O que era para ser apenas um canal de comunicação "emergencial", apenas como disseminador de notas oficiais e de respostas à imprensa para gerir uma crise, obteve uma evolução considerável, trazendo artigos, pesquisas, notícias, promoções, vídeos de campanhas, além de ainda perguntar e responder à imprensa. E ainda trouxe uma premiação para a marca.

O blog Fatos & Dados conquistou, em 2010, o prêmio Gold Quill Awards da IABC (International Association of Business Communicators), referência na área de comunicação empresarial, na categoria “Excellence”, a maior concedida na premiação. O blog concorreu na divisão Communication Management, categoria Social Media. Eis um exemplo bem sucedido de como utilizar um blog para se comunicar com os públicos desejados.

Para que esse e tantos blogs tenham o sucesso desejado, é necessário seguir algumas regras que não chegam a ser rígidas, porém são essenciais para que a informação/serviço/divulgação sejam feitas de maneira adequada. Dentre tantos artigos que mostram dicas aos blogueiros corporativos, foi separado para esse post o artigo de Gabriela da Silva Zago, chamado Os blogs corporativos e a comunicação empresarial na Internet (2007, p. 9):

"(...) há algumas características que devem ser comuns aos diferentes blogs corporativos (sob pena de a comunicação da empresa não ser eficaz). Essas características são: a velocidade (ou atualização freqüente), a informalidade (linguagem leve, mas gramaticalmente correta), a autenticidade (as informações prestadas devem ser verdadeiras de modo a transmitir credibilidade) e a interatividade (os blogs que aceitam comentários permitem que o leitor interaja com o blog através de feedback ou perguntas)."

Com estas dicas e o vídeo a seguir, mostrando como utilizar blogs corporativos, a equipe do RPitacos parabeniza a todos os blogueiros por seu dia e os incentiva a sempre estudar e evoluir nos textos e na criatividade!



terça-feira, 28 de agosto de 2012

Perdi minha partida de futebol? - Os riscos da propaganda de guerrilha

Em meio a tantos concorrentes e propostas tentadoras, uma marca conseguir atrair as pessoas para usufruir de seus produtos e serviços é um desafio cada vez mais complexo. O que muitas empresas utilizam para surpreender o público são as ações (marketing/propaganda) de guerrilha que precisa ter dois princípios básicos, como mostra Cintia Meneguelli Rodrigues na monografia Novas estratégias publicitárias na conquista do consumidor: o caso do Marketing de Guerrilha (2010, p. 51):

"Como princípios, destacamos a criatividade e a utilização de mídias alternativas, responsáveis por produzir ações realmente impactantes, em um ambiente social hipermidiatizado. Através do inusitado, o marketing de guerrilha objetiva a obtenção de mídia espontânea, geração de boca a boca e a segmentação do público atingido. [...]. É por meio dessas ações que o marketing de guerrilha busca superar os obstáculos impostos pela saturação midiática e pela hipersegmentação dos mercados contemporâneos, possivelmente com maiores chances de sucesso do que as estratégias publicitárias convencionais.
A criatividade é um aspecto crucial do marketing de guerrilha, uma vez que seu objetivo fundamental é apresentar propostas tão ousadas e inesperadas que despertem a atenção e o interesse do público em meio ao imenso volume de mensagens publicitárias que circulam pelas mais diversas mídias na atualidade. E não basta conquistar a atenção do público, é preciso ainda propiciar uma experiência marcante entre consumidor e marca."


Porém, deve-se tomar cuidado com os riscos destas ações pois, se não há um planejamento adequado ou quando se encontra um contexto desfavorável, o resultado pode ser o oposto e a ação não atingir o objetivo esperado. Ou, se não é considerado um fracasso, pode gerar ainda polêmicas envolvendo o nome da marca que acolhe a ideia.

Imaginando a seguinte situação: o torcedor compra um ingresso para a partida de seu time favorito e, de repente, quando se dá conta, vê a entrada de outros times, de um jogo diferente do esperado. Provavelmente, muitas pessoas ficariam irritadas ou assustadas com a troca repentina das partidas. E se fosse descoberto que toda a movimentação feita para o "jogo errado" (ou seja, fogos de artifício, mascotes de times) não passaria de uma ação de marketing de uma empresa?

Foi o que aconteceu no sábado, dia 25 de agosto, no estádio do Pacaembu. O jogo de futebol era Palmeiras x Santos, pela última rodada do 1º turno do Campeonato Brasileiro. Na hora dos atletas entrarem em campo, aparecem figuras do Corinthians e do São Paulo, com direito a entrevistas com repórteres, aquecimento, escalação das equipes pelo locutor do estádio e cumprimentos dados à torcida. Muitos torcedores vaiaram o suposto erro na programação e xingaram os times que estavam no campo.

Porém, após alguns minutos, revelou-se a ação de marketing da Zurich Seguros. Segundo o Portal AdNews, uma faixa foi estendida no gramado com a seguinte mensagem: “Ainda não inventamos seguro contra alterações no calendário. Mas você pode contar com a Zurich Seguros para cuidar dos seus bens, da sua vida e do seu futuro”. Em seguida, a partida oficial aconteceu normalmente, com a vitória do time da Baixada Santista por 2 a 1. Toda a ação foi planejada com uma antecedência de dois meses e com o apoio da segurança do estádio, conforme mostra matéria do Meio&Mensagem desta terça-feira, dia 28 de agosto:

"O diretor-geral de criação da agência, Celso Alfieri, conta que seguranças particulares estavam próximos das torcidas para monitorar as reações. Se houvesse um sinal de ação agressiva, a informação seria repassada para o comando da campanha e para a tropa de choque, que cuida da segurança do estádio. Ou seja: tudo poderia ter sido interrompido se a coisa esquentasse."

A esperada repercussão aconteceu: vários portais voltados ao noticiário esportivo relataram o fato, tais como Gazeta Esportiva, Lancenet, Placar, dentre outras notícias em portais diversos de notícias (Ig, Terra) e de marketing. Porém, muitos torcedores não gostaram desta ousada ação, demonstrando sua indignação nas mídias sociais. No Twitter, por exemplo, há mais críticas do que elogios, quando se pesquisa por "Zurich Seguros", principalmente de torcedores palmeirenses e santistas. Uma questão a se acrescentar é que a empresa, no Brasil, não possui perfil oficial no Twitter ou no Facebook, mas apenas no Youtube, em que se encontra o vídeo da ação (postado em 31 de agosto).



Assim como se pode anunciar o lançamento de um celular, fingindo perder o amor na balada, também pode-se anunciar uma seguradora invertendo a ordem de uma partida de futebol. Entretanto, em ações desta maneira, é necessário planejar os prós e os contras e gerenciar os elogios e as prováveis críticas que acontecerão.

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Marcas Registradas

Por Manoel Marcondes Neto

Desde 1998, quando fui convidado a ministrar pela primeira vez a disciplina “Gerenciamento de Marcas” na ESPM do Rio de Janeiro, não parei de estudar esse tema – o branding – intuindo que, em pouco tempo, a especialidade se tornará uma graduação autônoma, assim como vai acontecer também com Logística. Os cursos tradicionais de Administração já não dão conta desses conteúdos que, de tão desenvolvidos, andam suplantando o próprio Marketing no interesse dos jovens.

Aproveitando também o meu tempo, na Accenture, de brand champion (aquele “chato” que, nas empresas, fica perseguindo todo mundo, doutrinando sobre ‘como’ aplicar a marca, onde ‘não se pode’ fazê-lo, como aplicar a logo em preto-e-branco, normas de redução e uso de cores etc. etc. etc. – ufa!), venho juntando dados para contar a história do rebranding Andersen Consulting/Accenture de que tive a sorte de participar. Foi na passagem de 2000 para 2001. A empresa teve que livrar-se do nome e marca antigos até o dia 31/12/2000 para surgir – globalmente – na manhã de 01/01/2001 completamente renamed, redefined, reborn. Uma verdadeira operação de guerra mundial.

Hoje, não por acaso, atuando em um programa de mestrado, na UERJ, procuro aproximar duas antigas paixões: o marketing e a ciência contábil. Como? Para quê? Para dar conta de uma demanda também planetária que afeta, a partir de uma nova norma internacional de finanças (IFRS), a questão da valoração das marcas e seu correto lançamento nas demonstrações financeiras (balanços e demonstrativos de resultados) das empresas. Veja o andamento do projeto de pesquisa neste link: http://brand-forum.blogspot.com.br/.

Por isso, hoje, gostaria de encerrar esse ‘post’ tratando de marcas – mas em um enfoque nada técnico. Nada didático. Nada acadêmico. Um enfoque artístico. Inspirado. Conclamando o gênio de ninguém menos que Carlos Drummond de Andrade. Curta o poema “Eu, etiqueta”:


Eu, etiqueta
Em minha calça está grudado um nome
Que não é meu de batismo ou de cartório
Um nome… estranho.
Meu blusão traz lembrete de bebida
Que jamais pus na boca, nessa vida,
Em minha camiseta, a marca de cigarro
Que não fumo, até hoje não fumei.
Minhas meias falam de produtos
Que nunca experimentei
Mas são comunicados a meus pés.
Meu tênis é proclama colorido
De alguma coisa não provada
Por este provador de longa idade.
Meu lenço, meu relógio, meu chaveiro,
Minha gravata e cinto e escova e pente,
Meu copo, minha xícara,
Minha toalha de banho e sabonete,
Meu isso, meu aquilo.
Desde a cabeça ao bico dos sapatos,
São mensagens,
Letras falantes
Gritos visuais,
Ordens de uso, abuso, reincidências.
Costume, hábito, premência,
Indispensabilidade,
E fazem de mim homem-anúncio itinerante,
Escravo da matéria anunciada.
Estou, estou na moda.
É duro andar na moda, ainda que a moda
Seja negar minha identidade,
Trocá-la por mil, açambarcando
Todas as marcas registradas,
Todos os logotipos do mercado.
Com que inocência demito-me de ser
Eu que antes era e me sabia
Tão diverso de outros, tão mim mesmo,
Ser pensante sentinte e solitário
Com outros seres diversos e conscientes
De sua humana, invencível condição.
Agora sou anúncio
Ora vulgar ora bizarro.
Em língua nacional ou em qualquer língua
(Qualquer principalmente.)
E nisto me comparo, tiro glória
De minha anulação.
Não sou – vê lá – anúncio contratado.
Eu é que mimosamente pago
Para anunciar, para vender
Em bares festas praias pérgulas piscinas,
E bem à vista exibo esta etiqueta
Global no corpo que desiste
De ser veste e sandália de uma essência
Tão viva, independente,
Que moda ou suborno algum a compromete.
Onde terei jogado fora
Meu gosto e capacidade de escolher,
Minhas idiossincrasias tão pessoais,
Tão minhas que no rosto se espelhavam
E cada gesto, cada olhar
Cada vinco da roupa
Sou gravado de forma universal,
Saio da estamparia, não de casa,
Da vitrine me tiram, recolocam,
Objeto pulsante mas objeto
Que se oferece como signo dos outros
Objetos estáticos, tarifados.
Por me ostentar assim, tão orgulhoso
De ser não eu, mas artigo industrial,
Peço que meu nome retifiquem.
Já não me convém o título de homem.
Meu nome novo é Coisa.
Eu sou a Coisa, coisamente.


Carlos Drummond de Andrade

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Marketing e anulação da identidade pessoal - a mudança compensa?

Por Maíra Masiero

A construção de uma identidade e imagem própria é algo que se discute muito atualmente, em meio a tantos modelos impostos / sugeridos à sociedade. Dentre outros aspectos que podem definir a construção dessas duas características do ser humano, a percepção que o Outro possui é importante, como mostra Michael Pollak no artigo Memória e Identidade Social (1992, p. 5):

"Se assimilamos aqui a identidade social à imagem de si, para si e para os outros, há um elemento dessas definições que necessariamente escapa ao indivíduo e, por extensão, ao grupo, e este elemento, obviamente, é o Outro. Ninguém pode construir uma auto-imagem isenta de mudança, de negociação, de transformação em função dos outros. A construção da identidade é um fenômeno que se produz em referência aos outros, em referência aos critérios de aceitabilidade, de admissibilidade, de credibilidade, e que se faz por meio da negociação direta com outros."

Se a construção da identidade acontece tendo os outros como principais referenciais, se há uma mudança drástica na representação da identidade (externa ou interna), os referenciais podem ser afetados. Hoje, o blog vai mostrar alguns exemplos recentes de como a identidade de pessoas célebres pode ser modificada a fim de apresentar um produto e impactar o público alvo da marca. Um deles é o da apresentadora Xuxa Meneghel que, famosa por seu cabelo loiro, escurece as madeixas no dia 21 de agosto para promover produtos da Wella, marca da P&G (Procter & Gamble).

Segundo informações do Portal Exame, a artista receberá R$ 2 milhões, valor que será doado para a Fundação Xuxa Meneghel, voltada para crianças e adolescentes. Ainda com os cabelos escuros, a apresentadora irá participar da novela "Cheias de Charme", quando encontrará o trio das "empreguetes" num evento que é patrocinado pela Wella.

Como pode-se ver, uma das marcas registradas que muitos lembram, quando o nome de Xuxa é citado, são os cabelos claros, e isso configura a identidade que se tem de uma pessoa. Agora, quando isso é modificado por uma questão de gosto, de dinheiro, de visibilidade ou de opção, o público geralmente demora a assimilar a mudança, principalmente os seguidores mais assíduos da carreira dos artistas, como o da apresentadora.

Ainda em relação a mudanças nos cabelos, a cantora Sandy fez o oposto de Xuxa: pintou os cabelos de loiro para ser a nova musa da cerveja Devassa, no ano de 2011. Além da mudança estética, houve o rompimento (ou a tentativa dele) do estereótipo da cantora, que é o de ter um comportamento angelical e recatado. Isso é mostrado no primeiro comercial da série, quando Sandy faz uma performance com cadeiras e brinca com uma garrafa de cerveja em frente ao público masculino.



Mudando um pouco a direção dos cortes na cabeça, muitos homens preservam a sua barba com um cuidado singular, cuidando dela todos os dias e aparando o mínimo possível, sempre que for necessário. Várias pessoas célebres são (re)conhecidas por sua barba e, dentre elas, estava o vocalista do Chiclete com Banana, Bell Marques. Estava, porque, também no Carnaval de 2011, a Gillette conseguiu convencê-lo a retirar a barba para uma campanha publicitária, além de o cantor lançar a música "Tá Lisinho", relacionada com os produtos da marca, pertencente também à P&G.

Porém, esta mudança de identidade teve um preço: segundo entrevista concedida ao Diário do Nordeste, o cantor se arrependeu de ter tirado a barba, não gostou do visual e disse que nunca mais faria isso. Segundo Bell, ele tirou a barba pela pura curiosidade de se ver com o rosto liso, já que seus filhos, sua esposa e muitos amigos nunca o viram dessa forma. Com isso, pode-se ver o preço que se paga pela mudança na fisionomia que, muitas vezes, supera o valor monetário.

Será que vale a pena anular, de uma certa forma, a identidade de uma pessoa em benefício de uma marca? É válida esta forma de marketing?

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Comunicação e a tendência Flex Life - Por um consumo com menos caracteres

Por Maíra Masiero

O mundo ficou mais rápido, mais curto e com uma maior quantidade (e variedade) de formas de consumo. As mensagens eletrônicas se movem em frações de segundo e podem se resumir a 140 caracteres; muitos programas de televisão não conseguem mais manter uma audiência sólida durante três ou quatro horas de duração, precisando, assim, recorrer a formatos com menor duração (15 minutos, meia hora); pacotes de diversos segmentos, com opções fechadas e fixas, já não atraem tanto como antigamente. Como lidar com estas situações que podem interferir diretamente na rotina de consumo das pessoas?

Uma das tendências de consumo que pode ajudar a resolver estas situações é a chamada Flex Life. Luciana Stein, diretora da trendwatching.com na América do Sul e Central, em entrevista publicada no canal Propmark, explica como esta prática pode contribuir para o favorecimento de marcas e para que as experiências de consumo sejam mais rápidas - condizentes com o mundo globalizado vigente -porém sem perder a capacidade de impactar o público e fidelizar os clientes.

Como resultado [da infinidade de escolhas], surgem diversos serviços, como o web salão, onde as pessoas podem agendar um serviço de manicure em casa pela internet, ou os vouchers de academia, disponíveis para quem não quer se prender a um plano semestral, por exemplo. Damos a isso o nome de ‘flex life’, ou seja, o que era fixo agora é fracionado e, assim, o consumidor pode ter diversas ocasiões de consumo em menos tempo. É uma intensa batalha entre marcas, em que a conveniência e a velocidade de entrega do serviço imperam”.

Alguns exemplos desta prática já repercutem não só na esfera comunicacional, mas também abrangendo todos os públicos. Um deles é a "loja do cochilo", inaugurada no segundo semestre de 2012 na capital paulista. São quatro cabines, com camas em formato de "s", acompanhadas de uma luz negra e de fones de ouvido com músicas relaxantes. Enfim, tudo para facilitar o sono de quem deseja recuperar as energias, sejam empresários, colaboradores ou baladeiros.

Os períodos de sono variam de 15 minutos a 1 hora, de acordo com a vontade e necessidade da pessoa, e o horário de funcionamento é de segunda a sábado, das 8h às 20h. A seguir, um vídeo sobre o local, feito pelo Jornal da Gazeta.



O site desta loja ainda está em construção, porém a marca Cochilo já tem uma fanpage no Facebook, com mais de 600 curtidas, que mostra as empresas que já fizeram convênios com a loja, notícias relacionadas aos benefícios do cochilo para o trabalho, além de uma espécie de clipping (matérias divulgadas sobre a empresa nos veículos de comunciação) e de relacionar a marca com assuntos recentes, como ao descuido de dois ministros do STF que dormiam enquanto acontecia o julgamento do "mensalão" ou ao horário dos jogos de futebol, inadequado principalmente para quem acorda cedo para trabalhar.

Ao Portal Exame, o empresário Marcelo Von Ancken, idealizador da loja, afirmou que, sem previsão de data, possui o interesse de expandir o negócio no modelo de franquias. É mais um nicho de consumo aberto que contribui para que a tendência Flex Life se concretize no cenário nacional, pois promove um bem-estar às pessoas em limitados períodos de tempo.

terça-feira, 14 de agosto de 2012

RPrestigiando - Vem aí a XII INACARP!

Este release foi concebido pela Comissão Organizadora da XII INACARP 2012, e todos os dados disponibilizados são de responsabilidade de seus autores. O RPitacos divulga este evento para que a profissão de Relações Públicas seja cada dia mais valorizada e respeitada, em seu saber científico.



A Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação (FAAC) da Unesp de Bauru promoverá, entre os dias 21 e 23 de agosto, a XII Integração Acadêmica de Calouros de Relações Públicas (INACARP).

Idealizado em 2001 pela Professora Doutora Maria Antônia Vieira Soares, o evento é um espaço para que veteranos do curso de Comunicação Social: Relações Públicas apresentem seus trabalhos aos colegas calouros, permitindo a integração e a troca de conhecimentos entre os estudantes a partir de um debate interdisciplinar sobre humanidades e produtos comunicacionais.

Nesta edição, a cerimônia de abertura contará com a palestra da Profa. Dra. Carolina Frazon Terra, graduada em Relações Públicas pela FAAC/UNESP. Nos três dias do evento, as atividades começam a partir das 19h.

As inscrições para o evento já estão abertas e são gratuitas. Além dos alunos de Relações Públicas, todos os interessados podem participar. Para se inscrever, basta comparecer de 1º a 21 de agosto na secretaria do Departamento de Ciências Humanas (DCHU), na UNESP, e preencher a ficha de inscrição.

O evento será realizado na sala 01 da UNESP de Bauru, que fica na Avenida Engenheiro Luiz Edmundo Carrijo Coube, 14-01, Vargem Limpa. O XII INACARP é promovido pelos estudantes do segundo ano de Relações Públicas, sob a coordenação do professor José Carlos Marques.

Maiores informações:

@inacarp2012@gmail.com                                                                                
facebook.com/inacarp2012

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Emoção exagerada ou brasilidade? - Identidade, cobertura (e torcida) nas Olimpíadas 2012

Por Maíra Masiero

Bandeiras no pódio, voltas ao redor das quadras, dos campos, dos tatames; festas nas chegadas dos campeões. Decepções de atletas com chances reais de vitória que são surpreendidos pelas "zebras". E o torcedor vibra, torce, festeja, reclama, xinga e lamenta. Por seu time favorito, pela seleção do seu país.

No Brasil, esse cenário não é diferente: o resultado de algumas competições e as surpresas positivas com resultados trazem o orgulho de ser brasileiro de volta, ao menos por alguns momentos, quando é devolvida por uma provável decepção. É o tal "espírito patriótico" que está no auge, também em terras tupiniquins...

E essa brasilidade se agiganta principalmente quando se aproximam eventos esportivos importantes, como a Copa do Mundo de futebol e os Jogos Olímpicos. Neste último, mesmo que o Brasil não tenha uma tradição tão grande em ganhar medalhas como se espera em uma Copa do Mundo, a mídia, em muitos casos, colabora para aflorar as emoções nestas competições, como mostra Vanessa Scalei de Mello no artigo Jogos Olímpicos de 2004: as narrativas televisivas e a valorização da identidade brasileira (2006, p. 06):

"(...) as narrativas dos meios de comunicação sobre o esporte utilizam recursos que suscitam o sentimento de identificação coletiva em torno da Nação. [...] o recurso jornalístico de utilizar histórias de vitórias ou derrotas coloca o presente em continuidade com o passado e funciona como defesa diante a imprevisibilidade das disputas esportivas. [...] Os jornais maximizam ou reforçam o imaginário sobre o esporte e a memória serve como um elo identitário.
[...]
As narrativas produzidas sobre o esporte, em muitos momentos, apropriam-se de elementos constitutivos das identidades para descrever qualidades dos atletas e das equipes, que são consideradas especiais e que dessa forma as distinguiriam dos demais atletas e das demais seleções."

É necessário entender também que o jornalismo desportivo, nestes eventos, costuma deixar um pouco a imparcialidade de lado para mostrar um lado mais patriótico, com uma linguagem mais próxima a do torcedor, tanto nas vitórias, com uma alegria contagiante, quanto nas derrotas, em que a decepção é um tom forte nas narrações. A seguir, o vídeo do ouro olímpico do nadador Cesar Cielo nas Olimpíadas de Pequim, em 2008, narrado por Galvão Bueno.


Para poder analisar os comportamentos dos torcedores e de parte da mídia eletrônica acerca das emoções afloradas pelas vitórias e derrotas do esporte brasileiro, foi escolhida a rede social Facebook, pois esta se tornou um dos endereços mais acessados em todo o mundo, em que pessoas e organizações se comunicam o tempo todo entre si. Sabe-se que um grande desafio para as empresas é a maneira de se comunicar com o público em potencial, seja na utilização da linguagem adequada, da imagem mais significativa ou do posicionamento da fanpage em relação a assuntos que são muito discutidos num determinado tempo e contexto.

Delimitando o ambiente digital de pesquisa, foram escolhidas duas fanpages relacionadas a emissoras de televisão brasileira: (1) a Globo Esporte, relacionada com as Organizações Globo, com mais de 2 milhões de seguidores, e (2) o Portal R7, pertencente à Record, com mais de 538 mil "curtidas". A página do Portal G1 (da globo.com) não foi objeto de análise porque simplesmente não possui nenhuma notícia a respeito de Olimpíada ou de outros esportes.

Como objetos diretos de análises, têm-se duas situações distintas e que fazem parte do esporte: a vitória e a derrota. Nesse caso, os dois assuntos a serem vistos são: a derrota do time de basquete masculino para a Argentina por 82 a 77 nas quartas de final (no último dia 08 de agosto) e a vitória do time de vôlei masculino para a própria Argentina também no dia 08 e também nas quartas de final, por 3 sets a 0. Lembrando: os dados das postagens foram verificados até o dia 10 de agosto, dois dias depois desses resultados, a fim de tentar mostrar um cenário fechado, sem muita oportunidade de novos comentários.

Iniciando a análise pelo jogo de vôlei, que foi o primeiro dentre os dois eventos, as fotos dos dois posts das fanpages (R7 e Globo Esporte) são semelhantes em seu sentido principal: despedir (ou despachar de forma soberana, mesclando as chamadas dos dois textos) a seleção rival sul-americana com um "Adiós" ou um "Tchau" mesmo aos hermanos.

O número de curtidas e de compartilhamentos foi muito grande nos dois posts, na proporção do alcance destas fanpages (R7: 860 curtidas e 713 compartilhamentos; Globo Esporte: 6220 curtidas e 2058 compartilhamentos). Dos 43 comentários que a postagem do R7 recebeu, a grande maioria (39) elogiaram e incentivaram a seleção brasileira e, dentre estes, 15 debocharam dos rivais argentinos. Dois comentários foram aleatórios (um perguntando do próximo jogo e o outro divulgando uma fanpage), um criticou o nacionalismo presente somente nas competições esportivas e outro xingou a Record sem nenhum argumento.

Já no Globo Esporte, foram 204 comentários. Dentre esses, há uma maioria de deboche à Argentina (98 comentários), outros 44 parabenizando o Brasil pela vitória e esperando o basquete entrar em quadra e, além das 23 respostas aleatórias, dos outros 13 comentários, alguns alertavam sobre a presença dos Estados Unidos (atuais campeões olímpicos) e outros pareciam prever a derrota do país no jogo seguinte entre as duas seleções.

No outro evento analisado - a derrota do basquete masculino -, o número de pessoas que curtiram e compartilharam foi muito menor (R7: 115 curtidas e 58 compartilhamentos; Globo Esporte: 3501 curtidas e 902 compartilhamentos). Entretanto, o inverso aconteceu com os comentários: foram 118 no post do R7 e 556 no do Globo Esporte.

Na primeira fanpage, foi mostrada uma manchete "seca", apenas informando a eliminação da seleção brasileira e a foto da comemoração argentina. Nos comentários, 63 deles reforçam a superioridade dos rivais no basquete, criticaram o Brasil pela falta de garra e empenho e o técnico da seleção (o argentino Rubén Magnano) pelas alterações no time e pelo mau aproveitamento dos lances livres. Outros 25 comentários elogiaram o Brasil por ter chegado até a essa fase e torcem para uma melhor sorte em 2016. Apenas um comentário citou a falta de incentivo ao esporte a longo prazo.

Já na postagem feita pelo Globo Esporte, há uma certa compensação na apresentação da notícia - "Brasil lutou... mas no confronto entre os estreantes em Olimpíadas contra os ex-campeões olímpicos, deu Argentina. (...) Clica curtir quem vibrou com o retorno do basquete brasileiro às Olimpíadas!" - e na foto, com a legenda "Lutamos até o fim!". Dos muitos comentários feitos a esta notícia, 238 comentários criticaram de maneira geral a seleção, outros 16 direcionaram suas declarações contrárias ao técnico e 44, a jogador(es) em específico, como Thiago Splitter e Nenê. Já 149 pessoas apoiaram  seleção, enaltecendo a retomada às competições de basquete depois de 16 anos de ausência em Olimpíada.

O que se pode observar nesta sintética análise é que estes brasileiros se manifestam mais na hora de uma derrota do que quando há uma vitória importante, porém, a brasilidade e a defesa da pátria - no quesito esportivo - mostram-se presentes, principalmente quando há uma disputa entre Brasil e Argentina, historicamente rivais nos desportos.

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Incompetência que quase se transforma em ilegalidade

Por Manoel Marcondes Neto 

O noticiário cobriu, de maneira tímida, mas cobriu, a NÃO realização do "Live Site Cidade Olímpica" instalado na Quinta da Boa Vista, no Rio de Janeiro (ao custo de R$ 4 milhões em renúncia fiscal - ou seja, de graça para quem se promove e por conta do seu, do meu, do nosso dinheiro de impostos municipais). Como noticia O Globo do último dia 07: "Esta foi a primeira vez que o COI autorizou ‘Live Sites’ fora do país-sede dos Jogos Olímpicos".

A Rio de Janeiro Refrescos, fabricante de Coca-Cola e uma das patrocinadoras da iniciativa, de acordo com o jornal, "informou ontem [dia 06], em nota, que 'por conta da não realização do evento, conforme o contratado, decidiu não utilizar os incentivos fiscais concedidos'. Ainda bem!

Mais da matéria: "Como mostrou O Globo, um telão IRIA exibir os Jogos no local, mas uma série de exigências não foram cumpridas e o COI não liberou as imagens". O Comitê (des) Organizador dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos (sic) Rio 2016 reconheceu que não cumpriu as exigências do COI, mas não detalhou quais foram os itens que não foram cumpridos. Ainda segundo a notícia: "Em nota, foi informado apenas que 'o Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016 cancelou a programação do Live Site localizado na Quinta da Boa Vista por não ter atendido dentro do prazo os requerimentos e conformidades solicitados pelo COI’."

É a tal da batalha das notas no país do 'ganha-ganha' e do 'me engana que eu gosto': "Eu prometo que exibo, você me dá isenção fiscal, o povo paga, eu terceirizo (no caso, para a empresa SRCOM Promocões 'Culturais' Ltda. - e põe limitada nisso!), o 'evento' não é 'live', nem 'site', o povo murmura, mas vai tomar uma gelada no boteco ao lado (que só vende as minhas marcas exclusivas, bem entendido). A mídia 'parceira' não cobre, eu ganho, você ganha, eu 'solto' uma nota e tudo bem".

Menos mal que a imprensa fez seu papel, publicando a quase maracutaia e expondo a incompetência brasileira para montar um quiosque a 10.000 quilômetros do evento. ‘Imagina na hora de fazer o evento todo in Rio’. Não vai bastar contratar relações-públicas e assessores 'bem enfronhados' na mídia - o bicho vai pegar ‘ao vivo’, ‘on line, real time’.

Que o Brasil aprenda com mais esse vexame (uma gotinha num oceano) e parta para mais ação e menos falação sobre "os grandes eventos que o país está atraindo". E nós, errepês, podemos ser muito úteis para mudar esse estado - incompetente - de coisas.

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Relações Públicas: como provar o seu valor?

Por Danielle Macedo, Marketing na BaseKit


A discussão incansável sobre técnicas de avaliação e mensuração de resultados em Relações Públicas parece não ter fim. Cada dia mais somos cobrados para gerar resultados e prestar contas sobre o impacto de ações de RP. É comum ouvirmos o ditado “se você não puder medir, então nem faça” no mundo dos negócios – mas como garantir que inciativas de Relações Públicas sejam mensuradas de maneira eficaz e demonstrem um famoso ROI (Return Over Investment) – retorno sobre investimento?

Marketing x Relações Públicas

Todos nós sabemos que ações de marketing ainda contam com práticas de avaliação muito mais consolidadas do que iniciativas de Relações Públicas. Além disso, como atividades de marketing têm um foco comercial e seu ROI é facilmente calculado, a área geralmente acaba contando com um budget mais alto.

Vamos fazer um exercício rápido: como um anúncio publicitário pode ser mensurado? As possibilidades são quase infinitas, e vão desde pesquisas de opinião quantitativas e qualitativas até estudos de monitoramento de marca.

Por isso, é natural que todos os holofotes estejam sempre voltados para a indústria de Relações Públicas, que vem tentando provar o seu valor nos últimos anos.

Vamos encarar o desafio?

Se você é um RP brasileiro e não desiste nunca, já é hora de se animar novamente, pois as possibilidades de avaliação de resultados em Relações Públicas têm crescido a cada dia.

Em primeiro lugar, é importante que você defina o que você está tentando medir. Há diversos fatores que podem ser mensurados, como a reputação da sua empresa, credibilidade, ações de responsabilidade social, visitas ao seu website e redes sociais, menções na mídia e outros.

Métodos de avaliação e seus problemas

Embora ainda não exista uma receita de bolo para medir ações de Relações Públicas, os métodos de mensuração têm sido aprimorados recentemente, especialmente em relação às ações de relacionamento com a imprensa.

Ainda vemos muitas agências fazendo a equivalência de clippings com anúncios em veículos da mídia para justificarem o valor das suas iniciativas. No entanto, essa prática já está ultrapassada ao redor do mundo – em Barcelona, líderes do setor aboliram este método em 2010, após uma conferência sobre princípios de avaliação em Relações Públicas.

Existe uma luz no fim do túnel?

Sim! Um método que tem sido utilizado recentemente no exterior para avaliar ações de relacionamento com a imprensa é medir, além da quantidade, a qualidade dos clippings sobre a sua organização. Vários fatores devem ser levados em consideração para avaliar a qualidade do material publicado, tais como:

· Circulação do veículo

· Qualidade da matéria – aqui você pode avaliar diversos fatores, como por exemplo:

   - Qual foi o tom da reportagem? Positivo, negativo ou neutro?
   - A matéria contém as mensagens principais da minha campanha?
   - Qual é a credibilidade do jornalista?
   - Qual é a linha editorial do veículo e há quanto tempo ele está no mercado?

Ao provar o valor das Relações Públicas, esta área ganhará mais credibilidade e suporte de outros setores, passando a ser vinculada aos objetivos estratégicos de qualquer empresa – portanto, vale a pena investir seu tempo descobrindo novas formas de apresentar os resultados do seu trabalho!


Danielle Macedo é relações-públicas na BaseKit em Londres, com graduação pela Faculdade Cásper Líbero, qualificação do UK Chartered Institute of Marketing e mestrado em comunicação e marketing na University of Westminster.

No Brasil, trabalhou em instituições como o British Council no Rio de Janeiro, Câmara Britânica de Comércio e Indústria em São Paulo, CIESP e Centro Cultural SP, além de ter atuado como voluntária para o departamento de comunicação do International Policy Centre for Inclusive Growth (IPC-IG), parte do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).

E você, quer escrever também um post para o RPitacos? Faça como a Danielle: se você tem um texto interessante, uma reflexão, provocação ou análise de algo pertinente à comunicação, é só mandar para o e-mail do blog
É importante ressaltar que os textos passarão por uma avaliação dos membros do blog, antes de serem ou não aprovados, e serão publicados de acordo com a periodicidade do RPitacos.

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Se tem, reclama; se não tem, quer; se pode, não dá...

Por Manoel Marcondes Neto

Gente que não é RP declarando que é. Gente que é RP trabalhando mal. Gente que não sabe o que o RP faz e descreve os cargos – RP puras – para os quais quer contratar pedindo formados em Jornalismo e Propaganda. Cadê o nosso Conrerp que não fiscaliza?

Essa é nossa realidade. Uma realidade crítica. Leis que não 'pegam', leis que não são cumpridas, desrespeito a uma formação especializada, falsidade ideológica de quem declara ser o que não é, impunidade. Diante de um cenário de crise como este, pode-se tomar três atitudes: (1) a indiferença (que permite que a situação crítica piore ainda mais devido ao 'correr solto'), (2) a adoção do comportamento ilegal (com o seu consequente reforço) ou (3) a não adoção do comportamento ilegal (e o consequente combate à ilegalidade).

Eu, por exemplo, devidamente legal no Conselho Profissional desde estudante, mas cansado de reclamar sobre essas mesmas situações, deixei a atitude de indiferença (1), e, além de registrado, passei a trabalhar pela profissão, no Conrerp (3). Posso dizer com segurança: só 'de dentro' é que podemos avaliar o 'como' tais situações - que são comuns a todas as profissões regulamentadas - podem ser combatidas, mudadas e mesmo extintas. É algo que exige estudo, diligência, rigor, tenacidade, paciência e perseverança - qualidades típicas de um fiscal.

Pois bem, adotamos uma estratégia, na 1a. Região, e partimos para a implementação de uma série de táticas, uma para cada situação das citadas acima. Por exemplo: "uso indevido da denominação relações-públicas". Mudamos até o enredo de um personagem de novela com a nossa ação - se o cidadão não é formado em RP não pode designar-se como tal. E no jornal O Globo, em seus Classificados, não há mais anúncios para errepês que, na verdade, procuram mesmo é por recepcionistas. São frutos de ação contínua do Conselho, aqui no Rio.

Tais ações - que estão ainda em seu início - reverteram uma situação (2009) em que os profissionais estavam descrentes e distantes para uma realidade (2012) em que nem precisamos preocupar-nos em continuar na gestão, pois que surgem pessoas interessadas em candidatar-se para continuar e ampliar o nosso trabalho. Deixamos aquela situação de ‘vidraça' – alvo de apedrejadores, para uma situação de mais consciência e noção, entre os errepês legítimos, de que só nós mesmos é que podemos mudar o atual estado de coisas.

É claro que precisamos acreditar que o Brasil será capaz de se tornar um país melhor, em que as leis sejam cumpridas - isto é fundamental. E aí, diante daquela situação de crise, encontramos aquelas duas irmãs siamesas: o medo e a oportunidade. A oportunidade está aí, diante de nós. Não temamos o tamanho do desafio de fazer valer aquilo que foi nossa opção de vida, ora! Vamos à luta pelas Relações Públicas! Denunciando os abusos. Explicando mil vezes o que é nossa missão, o que nos diferencia de outras formações no mercado.

A imagem de RP anda mal. Os próprios profissionais ‘detonam’ a profissão, queixando-se da inação de seu Conselho Profissional.

Não é crise de imagem o nosso problema. A imagem – que é algo que não podemos controlar, pois forja-se na mente de quem vê, lê e ouve – do relações-públicas e das Relações Públicas vai muito bem no Brasil de hoje.

O que vivemos é resultado da inapetência para fiscalizar os que se diziam errepês sendo picaretas, os que eram errepês de fato mas descumpriam a ética da profissão ou, ainda, os que usavam indevidamente a denominação, que é algo para que a legislação prevê combate.

Ora, se nós mesmos, errepês, formos inapetentes para lutar por nosso espaço, não será quem justamente quer ocupá-lo que virá defender princípios e legalidade. Para esses a lei é um empecilho e desmoralizar a lei, os que a cumprem e os que a defendem é um mandamento. Isto acontece em todos os ramos de atividade.

O importante é escolher um lado e agir coerentemente.

Minha escolha é pela defesa da profissão conforme foi criada e estruturada no país, por mais que tenha sido mal administrada no passado. Já fui cobrado, chamado de inadimplente e ameaçado com ‘inscrição na dívida ativa da União’ quando não devia; quando morei em São Paulo, transferi meu registro, e quando voltei para o Rio, trouxe-o de volta – uma trabalheira burocrática insana. Mas nunca cogitei parar de pagar o Conselho porque, para mim, ele simplesmente tem 'que estar lá', vivo e operante, para o desenvolvimento da área que escolhi - nos campos do saber e do fazer - é um investimento na minha profissão e não uma despesa.

Não por outra razão PAREI DE SÓ RECLAMAR e estou hoje naquela condição de 'vidraça', propondo-me a fazer parte da gestão da autarquia, em minha Região. Quem não acredita no Sistema, não acredita em profissão regulamentada, não acredita em leis serem respeitadas no Brasil, não acredita em ser possível viver em um país civilizado, não gosta mesmo de Conselhos Profissionais e prefere ser o que passarei a denominar ‘militante da entropia’ – um tema, entropia, que entendo bem porque interessa-me como objeto teórico em Comunicação Social: ministrei a disciplina Teoria Geral de Sistemas por três anos na ECO/UFRJ.

Sou militante da civilização e da harmonia social.

Não acredito que a humanidade vai acabar em barbárie, tipo 'cada um por si' - algo, aliás, muito distante de uma 'ideologia' das Relações Públicas (é preciso conhecer bem o pensamento de Roberto Porto Simões). Acredito que a sociedade avance, mas esse avanço não vem de quem apedreja, só vem de quem se dispõe a mergulhar as mãos e a cabeça na problemática com o fim de solucioná-la. Que quer, enfim, AGIR em prol da profissão.

O resto é blá-blá-blá!

Com o objetivo claro de desestabilizar o sistema legal da profissão regulamentada. Lamento que algumas pessoas se deixem abater por terem tido uma, ou duas, ou três, ou cem experiências ruins com o Conselho, pois um Conselho é, afinal, feito de pessoas e pessoas falham. Mas ESTE Conselho é nosso. E só nós podemos torná-lo melhor. E nossa profissão é a única regulamentada na área da Comunicação Social. A sociedade e a cidadania dependem de nós para se defender da comunicação institucional enganosa, parcial, incompleta, que induz a erro, a más escolhas e más decisões. Não serão publicitários ou jornalistas que se levantarão contra uma comunicação institucional mal feita. Afinal, os primeiros a constroem e os segundos tem a missão precípua de investigar e denunciar, tornando públicas suas contradições. Não cabe a ninguém mais, além do errepê, melhorar, aconselhar, consertar a comunicação institucional quando ela ainda está ‘no forno’, dentro da organização.

Engaje-se. Essa luta é sua!

Se você sabe como um órgão poderia ser melhor, lute por isso NELE, porque uma regra básica da Sociologia é "não se modifica um sistema de fora – a mudança nasce, sempre, dentro do próprio sistema". Fizemos isto no Rio. Mudamos o Conrerp, mudamos sua percepção, mudamos, até, sua imagem (!), angariamos apoios, angariamos, relativamente, mais registrados que na última década inteira. É possível mudar o 'status quo' no país todo, pois. É só querer e colocar mãos à obra. As eleições para o Sistema estão aí – acontecem dia 15 de outubro. E as chapas tem que se inscrever até 06 de setembro. Quem se habilita?