quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Identidade e garotos-propaganda - O ruivo símbolo da Vivo

Por Maíra Masiero

Um ditado popular afirma que a propaganda é a alma do negócio; e essa alma possui, na maioria das vezes, uma outra alma, chamada de garoto(a)-propaganda, que se apresenta com uma função específica e primordial para o sucesso ou fracasso de uma estratégia de Comunicação, como mostram Maria Lília Dias de Castro, Gabriela Bon e Aléxon Gabriel João, no artigo Estudo das configurações de um garoto-propaganda (2007, p. 5):

"(...) o garoto-propaganda tem papel estratégico porque funciona como um elo intermediário entre a oferta do anunciante e a percepção do público. No fundo, ele atua na mediação entre a informação (mundo racional) e a sensação (mundo sensorial), criando uma espécie de fusão entre os atributos do ator social e as qualidades mostradas pelo produto. Assim, o garoto-propaganda tem um papel decisivo, pois é através dele que o público cria a relação inicial com o produto, resultando naturalmente em benefícios para o anunciante."

No ano de 2013, a operadora de celular Vivo lançou um novo comercial para a televisão e Internet, envolvendo a atriz Grazi Massafera, apostando na "voz de autoridade" que a celebridade poderia inserir no conteúdo da propaganda. Na ocasião, o ator João Cortês interpreta um fã da atriz que tenta descobrir o número dela ligando para várias pessoas, até encontrar e conseguir estabelecer um diálogo com Grazi, o que mostra a grande economia que se faz ao utilizar os serviços da Vivo, mesmo num período grande de tempo.



Acontece que o suposto coadjuvante da atriz global se transformou num símbolo contemporâneo da Vivo, com direito a aumento vertiginoso no cachê, participação em filmes e gravações de novelas. Porém, muitas pessoas nas ruas ainda reconhecem Cortês como o "ruivinho do comercial da Vivo", associando o ator à marca, e disso ele, em entrevista ao Universo Online, se orgulha, mas ainda quer diversificar sua carreira no teatro, na televisão e no cinema:

"Talvez essa seja a imagem que eu passo, do cara engraçado. Estou feliz com essa repercussão, é uma honra protagonizar os personagens dos comerciais. Claro que, com o tempo, quero ser reconhecido como o João Côrtes, o ator, e não mais como o ruivinho."

E é nessa questão de ser reconhecido como ator, e não somente relacionado a uma marca específica, que a mídia pode (ou não) ajudá-lo nos próximos anos, como está acontecendo com o ator Carlos Moreno, em 2013, protagonizando comerciais da parceria entre o Ourocard e o Cielo com Reynaldo Gianecchini. Para quem ainda não associa o nome à pessoa, Moreno protagonizou por mais de 30 anos os comerciais da Bombril, o que mostra que há ainda um longo caminho a percorrer, no que se refere à identificação de Moreno com outros produtos além de esponjas de aço e utensílios de limpeza.



Portanto, é nítida a importância de se inserir um(a) garoto(a)-propaganda para reforçar as ações comunicacionais de uma empresa, organização ou causa, desde que haja uma gestão específica das imagens (do cliente e da pessoa a ser contratada) para evitar situações constrangedoras e limitações na carreira do protagonista, por ter sua imagem associada a um determinado contexto.

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